A Bahia registrou, em média, 11 mortes diárias por pneumonia em 2024. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), coletados até 30 de outubro deste ano, foram contabilizados 3.442 óbitos por conta da enfermidade. Os municípios mais afetados são Salvador (677), Vitória da Conquista (116e Feira de Santana (100). Em todo o período de 2023, 3.805 baianos morreram por causa da inflamação pulmonar, o que indica que a Bahia já atingiu em 2024 mais de 90% das ocorrências em relação ao ano passado.
Nesta terça-feira (12), a enfermidade é lembrada por conta do Dia Mundial da Pneumonia, data que busca conscientizar a população. A moléstia é causada por agentes que invadem o corpo e inflamam o pulmão, conforme explica o pneumologista Álvaro Cruz: “A doença, em geral, provoca tosse e febre. Mas, também pode haver dificuldade para respirar, secreção, corpo mole e dor nas costas”.
O médico destaca que os invasores podem ser vírus, bactérias e, apesar de menos comuns, fungos: “Em pessoas que são previamente sadias, as bactérias são as mais graves. Quando é uma pessoa com problemas sérios, como câncer, ela pode ser diagnosticada com uma pneumonia por fungo, que é muito grave. Já a pneumonia por vírus, em geral, são as mais contagiosas”.
Para Álvaro, a pneumonia dá sinais sutis que precisam ser levados em consideração para a ida ao hospital, como a duração dos sintomas por um período prolongado ou a recuperação seguida de uma piora no quadro patológico. É o caso da jovem Sofia Mutti, 12 anos, que apresentou tosse seca durante três semanas antes de ser diagnosticada. Moradora de Stella Maris, a mãe da garota, Vanessa Mutti, 44, revela que a doença parecia ser uma alergia. “Ela parecia ter melhorado. Voltou para a escola e apresentou uma tosse pior do que antes, com catarro e mais volume. Deixei ela fazer uma prova e fomos fazer o exame logo depois. Agora, por não ter riscos graves, ela está usando máscara e álcool, mas continua as atividades”, diz.
Entre os óbitos por pneumonia registrados na Bahia, o tipo mais comum é quando o microrganismo não é especificado, o que representa 80,6% das ocorrências - 2.775 casos. Em seguida, vem a pneumonia bacteriana, que contabilizou 641 registros - 18,6% dos casos. O pneumologista esclarece que a dificuldade não é restrita ao estado, mas um problema de diagnóstico no mundo todo.
“Mesmo nos melhores centros do mundo, somente cerca de metade dos casos são identificados. Exames de sangue e radiografia podem sugerir qual é a causa. Para ter certeza, é necessário realizar outros exames que não são muito precisos. Não há um foco muito grande em descobrir a causa específica”, afirma.
No recorte de gênero, há um equilíbrio, mas os homens representam pouco mais da metade dos casos, aproximadamente 51,2%. Das 3.442 ocorrências, o sexo masculino foi acometido 1.764 vezes, enquanto as mulheres contabilizaram 1.678 registros (48,8%). Para a pneumologista Larissa Voss, a estatística tem razões comportamentais e de cuidado com o próprio corpo: “O homem tem menos cuidado e, em geral, tem mais comorbidades associadas. A mulher vai ao médico muito rapidamente, enquanto o homem retarda mais esse processo”.
A pneumonia dispõe de tratamento, que vai de alimentação e observação até o uso de antibióticos. A médica ainda ressaltou a importância da vacinação contra a pneumonia relacionada à bactéria Streptococcus Pneumococo, o que reduz casos mais graves. “Qualquer virose é um fator de risco para pneumonia, então também é essencial a vacinação contra a gripe. Em 20 anos de formada, nunca atendi tantas pessoas adoecidadas por pneumonia”, afirma.
Fonte Correio
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